Neste mês de julho, relembra os 300 anos da morte de seu fundador, o Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça. O historiador Marianense Diogo de Vasconcelos o definiu assim:
"Observado de perto, Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça não foi um menor que o Borba Gato, que Antônio Rodrigues de Arzão e que o Bartolomeu Bueno da Silva, mas, todavia se fez maior".
Coronel Salvador Furtado, que também era conhecido como Salvador Fernandes Cubas, nasceu na Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté. Partiu em direção aos sertões dos Cataguás (nome antigo da região de Minas Gerais), em buscar pedras preciosas e riquezas. Em 1696, foi responsável pelo estabelecimento do primeiro povoado que se tornaria a primeira cidade de Minas Gerais, Arraial de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo, posteriormente, Vila de Nossa Senhora do Carmo, é depois Mariana, a primeira cidade e bispado das Minas do Ouro.
Por volta de 1700, Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça descobriu a mina de Bom Sucesso, na região do leito do Rio Carmo, depois o local, da lavra, passou a chamar Morro Grande e finalmente São Caetano do Rio do Carmo (hoje distrito de Monsenhor Horta em Mariana).
Em São Caetano, o Coronel tinha lavra de ouro, fazenda de gado e roças de milho, cana e engenho de açúcar e cachaça. O arraial de São Caetano foi um dos mais importantes da Região do Carmo no início dos XVIII.
O arraial prosperou muito com o passar dos anos. Salvador Fernandes era um devoto fervoroso, e tinha permissão do bispo do Rio de Janeiro para levar consigo um altar portátil, bem como para edificar capelas. Edificou uma capela particular dedicada a Nossa Senhora de Loreto, onde um padre responsável pela região passou a celebrar missas, que eram frequentadas pelos moradores da região.
Diferentemente de outros sertanistas, era proprietário de uma considerável biblioteca. Segundo os cronistas, possuía as Ordenações do Reino, que tinha mandado encadernar, em pastas com frisos de ouro; o Repertório das Minas; uma História Social em seis volumes e mais 27 livros de muitos autores encadernados em pergaminho.
Os antigos livros sobre Minas Gerais dizem que "montava cavalo alazão arreado com sela de pele de onça, coxim de marroquim, xaréu e bolsão de veludo verde bordado a retrós amarelo; freio de prata nas ocasiões solenes para vir à missa do arraial ou andar na vila, onde muitas vezes foi nomeado juiz ordinário. Nos coldres, carregava seu par de pistolas de canos de bronze e aparelhadas de prata. Nas festas trajava-se com esmero, calças de limites e meias de seda, véstia de veludo, chapéu de três quinas finíssimo, todo de preto, a lhe luzirem nas meias e sapatos fivelas de ouro e pedras; apoiava-se no bastão encastoado de prata. Tinha mais dois outros fatos e um capote de camelão vermelho, além de outras peças interiores. No trem bélico, 14 armas de fogo, algumas aparelhadas de prata, catanas e lanças”.
Em 1711, dou a sua casa na região do Mata Cavalo em Mariana (hoje bairro Santo Antônio) para ser usada com a primeira como a primeira Casa de Câmara e Cadeia das Minas Gerais. Foi responsável, com seus filhos Feliciano Cardoso de Mendonça e Antônio Fernandes Furtado, pela exploração da região do Guarapiranga.
Morreu no dia 18 de julho e foi sepultado em São Caetano em 21 de julho de 1725. Infelizmente, não tivemos nenhuma homenagem ao descobridor de Mariana.
“Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la.”
(Edmund Burke).
AS CIDADES E A MEMÓRIA II.
Cristiano Casimiro dos Santos
Revista Mariana Histórica e Cultural