Por: Hynara Versiani
Durante a 16ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Mariana, realizada na segunda-feira (19), os pais de uma bebê de quatro meses que faleceu após atendimentos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São Pedro usaram a tribuna para relatar o atendimento recebido nos dias que antecederam o óbito da filha.
O caso mobilizou tanto o Executivo quanto o Legislativo. A Prefeitura instaurou uma sindicância administrativa no dia 14 de maio, conforme a Portaria nº 05/2025, para apurar a conduta da equipe médica da unidade. Já a Câmara, por meio de requerimento apresentado pelo vereador Marcelo Macedo, decidiu acompanhar o processo de investigação por intermédio da Comissão de Saúde.
De acordo com a mãe, Beatriz Moreira, os primeiros sintomas surgiram após a aplicação de vacinas de rotina, no dia 6 de maio. Ela relata que procurou atendimento médico mais de uma vez. “Fomos à triagem no Cabanas, depois à UPA, já de madrugada. O médico nos disse que ela estava bem. Mais tarde voltamos, e a médica recomendou apenas lavar o nariz com soro”, afirmou.
Segundo Beatriz, a unidade não forneceu seringa para a aplicação do soro, e, sem sucesso em farmácias da cidade, a família retornou para casa. A bebê voltou à UPA no sábado (10), sendo medicada novamente. Diante da piora no quadro, os pais buscaram atendimento em outra unidade. “Na UPA de Saramenha, fomos bem acolhidos, mas já era tarde. Ela faleceu”, disse a mãe.
Ao defender o envolvimento direto da Câmara no caso, Marcelo Macedo questionou a falta de materiais básicos na unidade. “É inadmissível que uma UPA em Mariana, com tantos recursos, não tenha sequer uma seringa. Isso aponta para falhas muito mais amplas”, avaliou. O parlamentar também mencionou episódios anteriores de insuficiência estrutural em unidades de saúde nos distritos, como a falta de preparo para procedimentos de urgência e de equipamentos adequados.
O vereador Pedrinho Salete afirmou que o Legislativo não se omitirá diante da situação. “Infelizmente, não podemos mudar o que aconteceu, mas temos a obrigação de agir. Essa família merece respostas”, disse. Já o vereador Maurício da Saúde enfatizou a necessidade de ouvir todos os envolvidos. “Nosso papel é buscar a verdade com responsabilidade. O que me preocupa é que, mesmo com tantas idas ao atendimento, ninguém tenha identificado a gravidade do quadro.”
Em nota publicada nas redes sociais, a Prefeitura informou que a criança recebeu atendimento nos dias 9 e 10 de maio e faleceu em Ouro Preto no dia 11. A Secretaria Municipal de Saúde acionou o Comitê de Prevenção de Óbito Infantil, Fetal e Materno e aguarda informações do município vizinho para dar seguimento às investigações.
A sindicância aberta pelo Executivo tem prazo de 30 dias para ser concluída. Já a Comissão de Saúde da Câmara deve visitar a UPA São Pedro nos próximos dias. Os vereadores reafirmaram o compromisso de cobrar melhorias no sistema de saúde e evitar que casos semelhantes voltem a ocorrer.